A população brasileira está envelhecendo rapidamente pela somatória de dois fatores: a diminuição da fecundidade, onde as famílias reduziram o número de filhos e a maior sobrevida dos indivíduos. Em 1950, os indivíduos com mais de 65 anos representavam 4,9 % da população, passando para 10,2 % em 2010 e devendo chegar a 29,7 % em 2050, um índice maior que o encontrado atualmente nos países desenvolvidos. Além do provável desequilíbrio nas contas da previdência social, tornando-se um problema de toda a sociedade, individualmente vários aspectos necessitam ser repensados no “cuidar do idoso”. Contrariamente ao esperado, ao invés de dependentes, cerca de 13 milhões de idosos no Brasil ainda exercem o papel de provedores, como “chefes de família”. A definição de frágil e incapaz não se aplica a este considerável grupo populacional. Todavia, na área da saúde, esta nova “aparência” do idoso não pode ser interpretada como “igualdade de condições”, quando comparados com indivíduos mais jovens.  É importante que os profissionais que participam do atendimento ao idoso (nos referimos aqui a uma equipe multiprofissional) tenham bem definidos alguns conceitos:  

  • O organismo de um indivíduo idoso não é igual ao organismo de seus pares mais jovens: reage de modo diferente aos agravos à saúde, tanto do ponto de vista físico, quanto emocional.
  • Na população idosa, os medicamentos de um modo geral, apresentam uma maior incidência de efeitos colaterais, sobre os quais o paciente e seus familiares devem ser alertados.
  • A diminuição do número de horas de sono no indivíduo idoso não deve ser sistematicamente interpretada como insônia; portanto o uso de hipnóticos indutores do sono deve ser empregado com parcimônia, pois o uso indiscriminado dos mesmos pode aumentar o risco de quedas, acarretando fraturas que podem prejudicar, em muito, a mobilidade e independência destes pacientes.
  • Dificuldade para realizar determinados movimentos, cansaço maior para subir escadas ou ladeiras, sensibilidade exagerada ao frio ou ao calor, não devem ser considerados como “patológicos” e sim como “desabilidades”. Isso evita a prescrição exagerada de medicamentos, acarretando a “polifarmácia”, ou seja, o uso de inúmeros medicamentos, comum entre os idosos e que apenas acarreta efeitos colaterais, sem trazer quaisquer benefícios.
  • A atividade física deve ser estimulada: seus benefícios são evidentes e repercutem positivamente em todos os órgãos e sistemas, melhorando o humor e a cognição.
  • O ambiente em que vive o idoso deve ser planejado para atender suas necessidades de locomoção e deve estar preparado para diminuir o risco de quedas, evitando-se o uso de passadeiras, tapetes, móveis no meio da sala, etc.

  O indivíduo idoso deve ser estimulado a se manter independente, ativo (física e intelectualmente), respeitando porém, seus limites. Diferenciar o que é doença e o que são desabilidades próprias da idade, é uma importante tarefa que deve nortear o profissional de saúde que atende indivíduos idosos. Fonte: Dr. Paulo Sergio Russo